ALGUMAS FÁBULAS:
A ÁGUIA E O ESCARAVELHO
Uma lebre corria a não mais poder em direção à sua toca, fugindo à perseguição da águia. E em sua desabalada carreira, passou pela casa do escaravelho. Não era propriamente uma casa de segurança, mas, na falta de algo melhor, resolveu a fugitiva homiziar-se lá mesmo. Já se precipitava a águia sobre a frágil guarida, quando o escaravelho, com intenção de salvar a agora sua protegida, postou-se lhe no caminho, dizendo: - Poderosa princesa dos ares, em presa fácil será para Vossa Majestade apoderar-se daquela infeliz, o que muita tristeza me dará. Tende compaixão e não façais este ato, que em nada dignificará vosso nome, visto ser tão insignificante o adversário. Mais disso, a lebre minha hóspede, e em nome de Júpiter vos solicito que observeis as leis da hospitalidade. Poupar-lhe a vida, eu vos imploro. Ela, além de ser minha vizinha, é também minha comadre. A gigantesca ave de Júpiter, como resposta, bate violentamente com a asa no escaravelho, derrubando-o na terra, para fazê-lo calar-se, e leva-se aos ares carregando em suas garras prisioneira a pequena lebre. O escaravelho, enfurecido com o tratamento recebido, voa até o ninho da águia e, aproveitando-se de momento em que ela se ausentara, rompe a frágil casca de seus ovos, que era toda a sua esperança de constituir família. E tal era a alegria do escaravelho, que em sua vingança não deixou um ovo sequer inteiro. Ao retomar ao ninho, a águia, vendo a desgraça que se abatera sobre ela, atroa os ares com seus gritos. Sentia-se impotente para castigar o responsável por aquilo, pois não sabia a quem imputar a culpa. E tal era a sua aflição. Somente os ares eram testemunha de sua agonia. E todo o ano durou a tristeza daquela que vira seus sonhos maternos frustrados. Após passado esse ano, precavendo-se de funestos acontecimentos, a ave constrói seu ninho em local mais elevado. Mas tudo inútil. O escaravelho o descobre e mais uma vez vaza todos os ovos. A morte da lebre estava vingada mais uma vez. O sofrimento da águia foi tamanho que durante seis meses não cessaram seus gritos. Mas apenas o eco respondia a eles. Não sabendo mais o que fazer, a ave recorre a Júpiter, que a aconselha a depositar seus ovos numa dobra do seu manto, crendo que em nenhum lugar estariam tão seguros quanto ali, pois ele mesmo, o rei dos deuses, os defenderia. "Assim" - pensava - "ninguém terá a ousadia de tentar roubá-los." E estava certa. Ninguém tentou semelhante façanha. Mas isto porque o inimigo mudara seus planos de ataque. Foi sorrateiramente pousar no manto divino, e Júpiter, sacudindo as vestes para dali expulsar o intruso, fez rolar os ovos. Ao tomar conhecimento do sucedido, a águia ameaçou o deus de abandonar sua corte, indo viver solitária no deserto, dizendo outras impertinências semelhantes. Não se dignou Júpiter responder-lhe. Limitou-se a intimar o escaravelho a comparecer ao tribunal, onde iria ser julgado. Este contou todo o caso, desde o início, e defendeu sua causa. Convencido de que a águia não tinha razão, o rei dos deuses tentou fazê-la reconciliar-se com o escaravelho. Mas debalde. Os inimigos não se viam com bons olhos. Então, para acomodar a situação, resolveu a divindade mudar a época em que a águia põe seus ovos, fazendo-a coincidir com a estação em que o escaravelho, resguardando-se dos rigores do inverno, enfia-se na terra, como a marmota.
A RAPOSA E O GALO
O galo cacarejava em cima de uma árvore. Vendo-o ali, a raposa tratou de bolar uma estratégia para que ele descesse e fosse o prato principal de seu almoço.
-Você já ficou sabendo da grande novidade, galo? – perguntou a raposa.
-Não. Que novidade é essa?
-Acaba de ser assinada uma proclamação de paz entre todos os bichos da terra, da água e do ar. De hoje em diante, ninguém persegue mais ninguém. No reino animal haverá apenas paz, harmonia e amor.
-Isso parece inacreditável! – comentou o galo.
-Vamos, desça da árvore que eu lhe darei mais detalhes sobre o assunto – disse a raposa.
O galo, que de bobo não tinha nada, desconfiou que tudo não passava de um estratagema da raposa. Então, fingiu estar vendo alguém se aproximando.
-Quem vem lá? Quem vem lá? – perguntou a raposa curiosa.
-Uma matilha de cães de caça – respondeu o galo.
-Bem...nesse caso é melhor eu me apressar – desculpou-se a raposa.
-O que é isso, raposa? Você está com medo? Se a tal proclamação está mesmo em vigor, não há nada a temer. Os cães de caça não vão atacá-la como costumava fazer.
-Talvez eles ainda não saibam da proclamação. Adeusinho!
E lá se foi a raposa, com toda a pressa, em busca de uma outra presa para o seu almoço.
Moral: é preciso ter cuidado com amizades repentinas.
Uma Raposa, morta de fome, viu, ao passar diante de um pomar, penduradas nas ramas de uma viçosa videira, alguns cachos de exuberantes Uvas negras, e mais importante, maduras. Não pensou duas vezes, e depois de certificar-se que o caminho estava livre de intrusos, resolveu colher seu alimento. Ela então usou de todos os seus dotes, conhecimentos e artifícios para pegá-las, mas como estavam fora do seu alcance, acabou se cansando em vão, e nada conseguiu. Desolada, cansada, faminta, frustrada com o insucesso de sua empreitada, suspirando, deu de ombros, e se deu por vencida. Por fim deu meia volta e foi embora. Saiu consolando a si mesma, desapontada, dizendo: "Na verdade, olhando com mais atenção, percebo agora que as Uvas estão todas estragadas, e não maduras como eu imaginei a princípio..." | |||||
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Uma cabra e um asno comiam ao mesmo tempo no estábulo. A cabra começou a invejar o asno porque acreditava que ele estava melhor alimentado, e lhe disse:
- Tua vida é um tormento inacabável. Finge um ataque e deixa-te cair num fosso para que te dêem umas férias.
Aceitou o asno o conselho, e deixando-se cair, machucou todo o corpo.
Vendo-o o amo, chamou o veterinário e lhe pediu um remédio para o pobre. Prescreveu o curandeiro que necessitava uma infusão com o pulmão de uma cabra, pois era muito eficiente para devolver o vigor. Para isso então degolaram a cabra e assim curaram o asno.
Moral da Estória:
Em todo plano de maldade, a vítima principal sempre é seu próprio criador.
TCHAU TCHAU!!!!!!!!Em todo plano de maldade, a vítima principal sempre é seu próprio criador.
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